terça-feira, 29 de maio de 2007

10.




A dor dos anjos I

Acredito da dor dos anjos
no seu sofrimento impossível
e a noite passa diante do meu quarto
onde guardo paciente a minha vida sem destino
e um cesto ainda cheio de flores para ti

A dor dos anjos II

Confio na dor dos anjos
nos seus erros vagos
no choro suave dos camionistas
na serenidade não mais que gestual
das crianças sem mãe

Confio por meu bem na solidão da pedra
na podridão dos nossos mortos
no severo sangue do meu pai

E confio nas águas que correm lá em baixo
nas almas dos homens
e nos amores que ficam caídos sobre as correntes

A.

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